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A eficiência na utilização dos recursos e os resíduos

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Página Modificado pela última vez 2019-06-17
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Os problemas ambientais a nível global que enfrentamos atualmente são, em grande parte, o resultado da sobre-exploração humana dos recursos naturais, como os combustíveis (fósseis), os minerais, a água, os solos e a biodiversidade. Torna-se cada vez mais evidente que o modelo de desenvolvimento económico prevalecente na Europa, baseado na utilização intensiva de recursos, na geração de resíduos e na poluição, não é sustentável a longo prazo. Atualmente, a União Europeia (UE) é fortemente dependente das importações. Muitos dos recursos são usados apenas durante um curto período de tempo ou perdem-se para a economia ao serem depositados em aterros ou submetidos a subciclagem (que envolve uma redução da qualidade durante as operações de recuperação).

Introdução

A economia europeia depende de um fluxo ininterrupto de recursos e materiais naturais, incluindo a água, as colheitas agrícolas, a madeira, os metais, os minerais e os vetores energéticos, uma percentagem substancial dos quais é importada. Essa dependência poderá constituir, cada vez mais, uma fonte de vulnerabilidade, à medida que a concorrência global por recursos naturais aumenta.

Nos últimos anos, o conceito de economia circular e as políticas relacionadas abordaram, a um elevado nível, a utilização dos recursos, a produção, o consumo e os resíduos. Este conceito tem por objetivo fechar os circuitos de materiais mantendo o valor dos produtos, materiais e recursos na economia pelo máximo de tempo possível. Esta abordagem reduz de forma efetiva a geração de resíduos e a utilização de matérias-primas virgens, reduzindo também, desse modo, as pressões associadas.

A utilização de recursos e a geração e o tratamento de resíduos provocam pressões ambientais significativas durante as fases de extração, produção, utilização e fim de vida. Como tal, os objetivos visados pela política ambiental incluem a redução da quantidade de materiais utilizados na economia, uma maior eficiência na utilização dos recursos, a redução da geração de resíduos e a conversão dos resíduos em recursos. 

Na última década, a utilização dos recursos na Europa diminuiu. Este facto está amplamente relacionado com as tendências no crescimento económico e as mudanças estruturais observadas na economia após a crise financeira. Atualmente, a utilização e a eficiência de recursos variam enormemente de país para país, e algumas das pressões relacionadas têm lugar no exterior das fronteiras da Europa devido ao comércio mundial.

Nos últimos anos, tem-se colocado a tónica na segurança do aprovisionamento de matérias-primas fundamentais. No entanto, a prevenção e gestão de resíduos é, atualmente, um aspeto-chave da economia circular.

A Europa continua a gerar uma grande quantidade de resíduos; apesar disso, as tendências apontam no sentido da estabilidade e da dissociação da produção de resíduos do desenvolvimento económico. Ao mesmo tempo, os resíduos são cada vez mais considerados um recurso valioso para a economia europeia. A percentagem de resíduos reciclados está a aumentar lentamente, enquanto a quantidade de resíduos depositados em aterros diminui. No entanto, as diferenças entre países em termos de desempenho nesta área são ainda muito acentuadas.

Uma legislação abrangente em matéria de resíduos a nível da UE é um motor essencial para uma melhor gestão dos resíduos.

 

Políticas da União Europeia

 O 7º PAA identifica a melhoria da eficiência na utilização dos recursos como um dos seus três objetivos principais para tornar realidade a visão para 2050 de «viver bem dentro dos limites do nosso planeta»:

  • proteger, conservar e reforçar o capital natural da União;
  • tornar a União uma economia hipocarbónica, eficiente na utilização dos recursos, verde e competitiva;
  • proteger os cidadãos da União contra pressões de caráter ambiental e riscos para a saúde e o bem-estar.

 

Os objetivos gerais do 7.º PAA são apoiados por uma série de instrumentos políticos mais específicos. A eficiência dos recursos, os resíduos e os recursos secundários são componentes essenciais da política da economia circular. O Plano de Ação da UE para a Economia Circular estabeleceu um programa de ação concreto e ambicioso, com medidas que abrangem todo o ciclo.

No âmbito do referido Plano, um número de políticas específicas abordam os vários elementos do paradigma da economia circular. No caso da utilização eficiente dos recursos, cabe referir o  Roteiro para uma Europa eficiente na utilização de recursos e o Roteiro de transição para uma economia hipocarbónica competitiva.

Um outro conjunto de políticas tem como objetivo a mudança do padrão linear de crescimento do tipo «extrair-produzir-consumir-deitar fora» para um modelo circular, assente na manutenção da utilidade dos produtos, componentes e materiais e na preservação do seu valor para a economia. Tal como observado no Plano de Ação da UE para a Economia Circular , esta abordagem exigirá mudanças nas cadeias de abastecimento, incluindo na conceção dos produtos, nos modelos de negócio, nas opções de consumo, bem como na prevenção e gestão de resíduos.

A legislação da UE em matéria de resíduos é um dos seus principais fatores de definição de políticas. As principais diretivas da UE sobre resíduos foram revistas em 2018. Trata-se da Diretiva-Quadro Resíduos, da Diretiva Embalagens e Resíduos de Embalagens, da Diretiva Aterros, da Diretiva Pilhas e Acumuladores, da Diretiva Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos e da Diretiva relativa aos veículos em fim de vida

As diretivas revistas aumentam o nível de ambição para a reciclagem dos resíduos urbanos e dos resíduos de embalagens, enquanto a deposição de resíduos urbanos em aterros necessita de ser reduzida ainda mais. Os resíduos alimentares devem ser reduzidos para metade até 2030 e os resíduos perigosos e os biorresíduos dos agregados familiares terão de ser recolhidos separadamente. Além disso, as novas regras prevêem uma maior utilização de instrumentos económicos eficazes, tais como regimes de responsabilidade alargada do produtor.

 

Atividades da AEA

A AEA investe continuamente no reforço da base de conhecimentos sobre a utilização eficiente dos recursos e a economia circular, incluindo os resíduos, bem como no reforço das capacidades e na transferência de experiência na Rede Europeia de Informação e de Observação do Ambiente (Eionet).

A AEA analisa fluxos de materiais, bem como dados e informações sobre resíduos, e elabora indicadores e avaliações relacionados. Os progressos das políticas são analisados em três séries de relatórios paralelos sobre a prevenção de resíduos e a eficiência de recursos/economia circular. A AEA apresenta uma perspetiva global através de relatórios sobre a economia circular e contribui para avaliações integradas, nomeadamente a série «European Environment — State and Outlook (SOER) (Estado e perspetivas do ambiente na Europa).

São elaboradas regularmente análises pormenorizadas de determinados aspetos da eficiência na utilização dos recursos e das políticas da economia circular, que analisam tópicos como o acompanhamento, os objetivos, os instrumentos de mercado e outras estratégias de intervenção.

A interação com as partes interessadas e o reforço de capacidades relacionado com estas avaliações constituem elementos importantes do trabalho realizado, sendo realizados regularmente contactos e seminários, no quadro da Eionet, sobre resíduos e eficiência na utilização de recursos e a economia circular, com os centros nacionais de referência.

 

Perspetivas

O trabalho atual é essencialmente orientado para a melhoria da base documental em matéria de eficiência na utilização de recursos, economia circular e resíduos. Estão previstos contributos para a série SOER com ênfase em informação temática (resíduos e utilização de recursos), bem como na análise sistemática da transição para uma economia circular. 

Nas diretivas sobre resíduos revistas, foi confiada à AEA a tarefa de apoiar a aplicação da legislação em matéria de resíduos nos Estados-Membros da UE. De 2 em 2 anos, a AEA analisará os programas de prevenção de resíduos dos países e avaliará os progressos realizados na prevenção de resíduos e na transição para a economia circular.

No que diz respeito à gestão de resíduos, a AEA apoiará a Comissão Europeia na avaliação do desempenho dos Estados-Membros da UE em relação a objetivos recentemente definidos em matéria de reciclagem e deposição de resíduos urbanos em aterros, bem como de reciclagem de resíduos de embalagens. O resultado destas ações contribuirá para a criação de mecanismo de «alerta precoce».

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