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Olhando para os últimos cinco anos, todos podemos ver a rapidez com que o mundo está a mudar. Do ponto de vista económico, estamos a assistir a transformações impulsionadas por novas tecnologias, como a inteligência artificial, ao mesmo tempo que enfrentamos perturbações na cadeia de abastecimento e o aumento do custo de vida. Politicamente, dominam a narrativa as preocupações com a segurança: cibersegurança, guerra, fornecimento de energia e estabilidade económica. E as preocupações com a saúde afetam a nossa vida quotidiana: os nossos alimentos são seguros, a nossa água e o nosso ar são limpos? Os nossos sistemas de saúde conseguem enfrentar outro choque como a recente pandemia?
Mal passa um mês em que não haja impactos visíveis das alterações climáticas na Europa. Os títulos dos jornais e os feedsdas redes sociais estão repletos de histórias de vidas, meios de subsistência e bens perdidos devido a fenómenos extremos relacionados com o clima, como as recentes inundações catastróficas na Europa Central e Oriental. A nossa recente avaliação dos riscos climáticos é clara: A Europa não está preparada. Temos de agir agora, reduzindo rapidamente as emissões e implementando políticas de adaptação sólidas para reduzir os riscos climáticos e reforçar a nossa preparação.
Não é de admirar que muitos de nós nos preocupemos com o futuro. Mas temos muitas escolhas a fazer — escolhas que podem, e vão, moldar o nosso futuro coletivo.
De cinco em cinco anos, através das eleições para o Parlamento Europeu, os cidadãos exprimem as suas preocupações e moldam as prioridades futuras da União. Em junho, os europeus voltaram a fazer-se ouvir. Em resposta, a presidente eleita Ursula von der Leyen apresentou as suas orientações políticas em julho, definindo as prioridades para a próxima Comissão Europeia 2024-2029.
No contexto dos desafios a curto e longo prazo da Europa, as orientações reafirmam a necessidade de manter a rota rumo à consecução dos objetivos do Pacto Ecológico Europeu, apelando simultaneamente a uma maior ênfase na competitividade e na segurança.
Como pode a Europa manter a rota em matéria de sustentabilidade num contexto de choques e crises? Como podemos ancorar as prioridades ambientais e climáticas com outras prioridades emergentes como a segurança, a competitividade e a equidade? Estas são exatamente as questões que tentamos abordar no nosso relatório «Europe’s Sustainability Transitions Outlook» (perspetivas da Europa sobre as transições duráveis), publicado no início de julho. O relatório de prospetiva estratégica apela a um alinhamento mais eficaz do financiamento público e privado, bem como à necessidade de continuar a alinhar as políticas económicas, sociais e de segurança europeias com os objetivos climáticos e ambientais.
Nas palavras de Ursula von der Leyen, a próxima Comissão será «uma Comissão de investimento». Esta ênfase no investimento está fortemente refletida no relatório Draghi. É evidente que o financiamento público, por si só, não será suficiente. Os investimentos privados são essenciais para responder tanto à escala dos desafios que enfrentamos como às ambições que temos.
O alinhamento das políticas preconizado no nosso relatório sobre as transições para a sustentabilidade já se reflete nas pastas e prioridades interligadas delineadas nas cartas de missão aos comissários indigitados. Da política industrial limpa à descarbonização e à transição energética, passando de uma economia circular a uma transição justa e a uma habitação sustentável e a preços acessíveis, a distribuição de responsabilidades sublinha a importância de assegurar a coerência entre os vários domínios de intervenção.
Na Agência Europeia do Ambiente (AEA), o nosso papel é informar os decisores políticos e os cidadãos sobre os desafios ambientais e climáticos da Europa, ajudando-os a tomar decisões informadas com base em dados fiáveis. Neste novo ciclo político, continuaremos a acompanhar de perto os progressos rumo aos objetivos do Pacto Ecológico Europeu, a identificar o que funciona melhor e a ajudar a Europa a ajustar a sua rota, se necessário. A Europa já alcançou progressos significativos em muitos domínios e a aplicação das políticas existentes desempenhará um papel fundamental na realização de novos progressos.
Em conjunto com os nossos parceiros do conhecimento, incluindo a Eionet, continuaremos a incorporar investigação de ponta, a inovar na recolha e análise de dados e a comunicar as nossas conclusões de formas que inspirem a tomada de ação.
As escolhas que tomamos agora definirão o futuro da Europa. Só mantendo a rota e tomando medidas audaciosas poderemos percorrer a distância remanescente e chegar ao nosso destino desejado: uma Europa sustentável e resiliente.
Leena Ylä-Mononen
Diretora executiva, Agência Europeia do Ambiente
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